domingo, 13 de dezembro de 2009

FUGA DOS ANDES


Sinopse de Fuga dos Andes segundo a Editora Record:

O ano é 1983. Humberto Morabito, experiente repórter brasileiro, está indo ao encontro de uma comitiva de jornalistas peruanos para investigar o assassinato de guerrilheiros do Sendero Luminoso quando conhece, de maneira arrebatadora, a misteriosa Beatriz. O encontro o faz extraviar-se do grupo, que é brutalmente assassinado ao chegar a Uchuraccay – minúsculo e remoto povoado dos Andes, situado a mais de 4 mil metros do nível do mar. O massacre abala o Peru e o mundo e mergulha Humberto no que o Peru tem de mais profundo e secreto e o envolve numa trama de mistério, intrigas, espionagem e violência.

Fuga dos Andes impressiona por amarrar, com extrema desenvoltura, subnarrativas que, agindo como peças de um fascinante quebra-cabeça, apresentam diferentes perspectivas – a atuação do Sendero Luminoso e a sua opção pela violência generalizada, o esforço da polícia secreta para identificar e capturar os líderes guerrilheiros, o sensível relato de um camponês de Uchuraccay, símbolo da tragédia que se abateu sobre os habitantes dos Andes. E a dramática e instigante busca de Humberto por Beatriz.

Ao acompanhar essa aventura, o leitor é rapidamente imerso numa atmosfera densa, descrita num estilo que faz jus aos maiores escritores latino-americanos.

Ao misturar realidade e ficção num ritmo alucinante e tendo como cenário o multifacetado território peruano e atores o Sendero Luminoso, seus perseguidores e vítimas, José Antonio Pedriali constrói uma narrativa tão informativa quanto envolvente, aliando de maneira magistral jornalismo e literatura.

FICHA TÉNICA

Brochura
14cm x 21cm
400 páginas

Lançado em outubro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

TRECHO

O BURRICO RELINCHOU TRÊS VEZES, despertando os fugitivos. Relinchou, coiceou o ar e agitou o rabo.

- Ele sempre age assim ao amanhecer. Talvez pense que é um galo, o galo peruano, que dança enquanto canta – comentou Celestino. Enrolava a manta sobre a qual descansara durante uma hora.

Beatriz e Humberto imitaram Celestino, que lhes passou o cantil e um pacote de biscoitos – “refestelem-se, jovens”, disse – e anunciou que logo começariam a descer, mas que não exultassem porque, assim que terminassem a descida – e lá os esperava um rio -, voltariam a subir, e depois que subissem desceriam novamente – e outro rio os aguardava - e subiriam de novo e desceriam mais uma vez até alcançar outro rio. Fariam isso tantas vezes quantas fossem necessárias para chegar à planície, e quando desembarcassem na planície teriam deixado definitivamente os Andes. Estariam enfronhados na profundeza da Amazônia, onde, segundo Celestino, “nem a mais poderosa legião de demônios será capaz de nos encontrar”.

O dia chegou onde estavam os fugitivos muito depois que em outros lugares, porque a copa das árvores relutou em permitir a passagem da luz, e quando lhe cedeu caminho se abriu apenas para uma parte dela. Alcançaram uma trilha empedrada – “há dezenas desses caminhos por aqui”, explicou Celestino, e Beatriz completou dizendo que, além de construir cidades na selva, os incas fugitivos as interligaram por uma complexa rede viária, aplicando os conhecimentos adquiridos na construção do Cápac Ñan, o Grande Caminho. Esse caminho, de vinte e três mil quilômetros – limitando-se ao que havia sido catalogado – e traçado sobre um dos terrenos mais abruptos do mundo, unia e dotava de um sistema de transporte, administrativo e de comunicações as quatro divisões básicas do Tawantisuyo, o império incaico - o Antisuyo, Contisuyo, Chinchaisuyo e o Collasuyo.

- Estamos no Paititi, o último refúgio dos incas, onde eles lutaram, a partir de Vilcabamba, a Velha, durante quarenta anos contra os conquistadores – explicou Beatriz. – Foi a partir daqui que Tupac Amaru, o último soberano inca, fustigava os espanhóis, e aqui ele foi capturado.

CENÁRIO DO ROMANCE